O ex-ministro da Previdência Social Carlos Lupi, que deixou o governo 18 dias atrás em meio ao escândalo da fraude do desconto associativo do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), disse nesta terça-feira (20) que, sem ele na pasta, “fica mais fácil” elevar o juro do consignado de aposentados e pensionistas.
Lupi, que reassumiu a Presidência do PDT, teve embates com Fazenda e Casa Civil por segurar o aumento do teto do consignado enquanto a taxa básica Selic subia. Em janeiro, após pressões de bancos, a taxa subiu de 1,64% para 1,80%. Em março, houve nova alta, para 1,85%.
Na sede do PDT, em Brasília, Lupi disse que não queria aumentar mais a taxa e sugeriu que, com sua saída, as pressões para elevar o teto seriam bem-sucedidas.
“Vocês vão ver o que vai acontecer com a taxa de juros dos consignados. Marquem aí que vocês vão assistir daqui a pouquinho. Eu sei os inimigos que eu comprei. Eu sei as forças que eles mexem. É uma luta que nós vamos continuar travando”, disse, ao justificar a posição de independência do partido em relação ao governo Lula (PT).
Questionado sobre o que queria dizer, Lupi respondeu: “Eu não estou mais lá. Fica mais fácil [mudar].”
“Eu era o cabeça-dura, o cara que não enxergava a realidade das taxas de juros, de por que aumentar a taxa de juros para quem tem a garantia. É honesto isso? É honesto você taxar quem recebe em média R$ 1.800, R$ 1.850,00, mais do que a taxa média do Banco Central tem?”, questionou. “Vamos ver quem é que vai segurar essa taxa.”
O ex-ministro também falou sobre a divergência entre as bancadas da Câmara e do Senado em relação ao governo Lula. Logo após sua demissão, os deputados sinalizaram que ficariam independentes em relação ao Planalto, enquanto os senadores correram para demonstrar alinhamento ao petista e ao novo ministro da Previdência, Wolney Queiroz, ex-número 2 de Lupi.
“Nós estamos unidos nisso. O Senado tem uma realidade diferente da Câmara. Na Câmara somos 18. No Senado, somos 3”, disse. “Então são realidades diferentes. Mas todos essas discussões que trabalham no Senado, combinou-se o líder Weverton [Rocha, do Senado] e o líder Mário [Heringer, da Câmara], de conversarem e discutirem conjuntamente.”
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noticia por : UOL