O presidente foi avisado que o trato de Pequim com a Celac costuma ser assimétrico. Segundo documento que chegou a Lula, o diálogo “não tem sido equilibrado e reflete, sobretudo, interesses da China”.
O segundo ponto problemático para a relação entre China e a Celac é a polarização política dentro da América Latina, que dificulta a chegada de consensos mesmo regionalmente.
No mês passado, Argentina, Paraguai e Nicarágua, todos governados por presidentes de direita, se opuseram a uma declaração comum em reunião da Celac, em Honduras. Há, por parte dos mesmos países, resistência em mostrar algum alinhamento político com a China.
Lula celebrou, em discurso nesta terça-feira, em Pequim, a reunião entre o grupo dos latinos e caribenhos com Xi Jinping. Lembrou que a China é o segundo maior parceiro comercial da Celac, e que o dinheiro de instituições chinesas que investem na região supera os empréstimos do Banco Mundial ou do Bando Interamericano de Desenvolvimento.
A intenção do Brasil na reunião dos países latinos com a China era mostrar que a Celac tem uma agenda externa forte “em momento especialmente sensível”, segundo a diplomacia brasileira. Há interesse, por parte da Celac, em “reafirmar autonomia” frente à disputa por hegemonia global travada entre Estados Unidos e China. Por isso Lula falou em seu discurso que a América Latina não deseja encenar uma nova Guerra Fria.
Para isso serviu o encontro da cúpula em Pequim, tentar fazer da região algodão entre cristais ao mesmo tempo que atrai o interesse –e o dinheiro– dos chineses. A leitura dentro do governo é a de que essa relação, entre América Latina e China, ganha força diante de um mundo governado por Donald Trump, mas ainda é mais complexa do que os discursos fazem parecer.
noticia por : UOL