A ex-vice-presidente Cristina Kirchner anunciou na noite desta segunda-feira (2) que será candidata a uma vaga de deputada provincial na terceira seção eleitoral da província de Buenos Aires para as eleições marcadas para 7 de setembro.
Em uma rara entrevista na TV argentina, dada ao canal C5N, ela disse que sua participação busca fortalecer o peronismo em um momento crítico, questionando o que aconteceria se o partido não tivesse um bom desempenho nesta eleição.
Havia dúvida se a ex-presidente seria candidata ao legislativo provincial ou se tentaria uma vaga no Congresso nacional, que terá eleições um mês depois, em outubro.
“É uma questão de bom senso. Alguém pode conceber que, se o peronismo se sai mal em setembro, acaba indo bem em outubro? Alguém parou para pensar nas consequências que isso pode ter em outubro e para todo o país se nos sairmos mal nas eleições de outubro?”, disse a ex-presidente.
A província de Buenos Aires é governada pelo peronista Axel Kicillof, ex-ministro e afilhado político de Kirchner, mas com quem a ex-presidente tem travado uma batalha interna pela liderança do campo. O governador havia separado as eleições provinciais das nacionais.
Cristina também mencionou que sua candidatura se deve à renovação de cadeiras no Senado em oito províncias que o Partido Justicialista conquistou nas eleições de 2019.
Cristina mencionou que nenhum partido que governou Buenos Aires dividiu as eleições, dando como exemplo as eleições legislativas da cidade de Buenos Aires (que tem status de província), que ocorreram no mês passado e terminaram com o candidato de Javier Milei em primeiro lugar.
Ela enfatizou que a província é grande e precisa de melhor organização no processo eleitoral. Além disso, pediu que se deixem de lado os interesses individuais e se trabalhe em benefício da coletividade, destacando a importância da política produzir resultados positivos.
Ela também sugeriu uma mudança na Constituição para que as eleições fossem realizadas a cada quatro anos, em vez de a cada dois. Cristina retornou à mídia logo após o lançamento do Movimento Direito a um Futuro, liderado por Kicillof, que busca unificar o peronismo.
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Kicillof, em um evento em La Plata, pediu inclusão no movimento e enfatizou a necessidade de atrair aqueles que se decepcionaram com a política atual.
Cristina, por sua vez, criticou o governo de Javier Milei, que descreveu como “direitista cruel e esotérico”, observando que sua gestão representa um retrocesso em relação ao governo de Mauricio Macri, que ela também atribuiu a práticas antiéticas.
O futuro político de Kirchner está agora nas mãos da Suprema Corte argentina. Um caso conhecido como Vialidad levou à primeira condenação da ex-presidente por corrupção em dezembro de 2022, pelo Tribunal Federal de Comodoro Py. Ela foi condenada a seis anos de prisão, mas seu destino ainda depende de uma posição do Supremo, já que Cristina acionou a Corte para pedir a nulidade da sentença.
A sentença da segunda instância sustenta que, por meio de 51 processos licitatórios para a construção de obras rodoviárias em vias nacionais e provinciais em Santa Cruz, entre 2003 e 2015, houve uma manobra fraudulenta que prejudicou os cofres públicos. O Grupo Austral, do empresário e próximo aos Kirchner, Lázaro Báez, ficou com os contratos.
Agora cabe aos juízes do Supremo —Horacio Rosatti, Carlos Rosenkrantz e Ricardo Lorenzetti— resolverem o caso. A decisão inclui, além da condenação, uma inabilitação perpétua para ocupar cargos públicos.
noticia por : UOL