Os personagens começam a se delinear nos dois anos seguintes: a figura do Conselheiro – “O homem era alto e tão magro que parecia sempre de perfil”, assim começa o livro -, o Barão de Canabrava, o Leão de Natuba, o Jornalista Míope (inspirado em Euclides da Cunha).
O romance é polifônico, épico e, certamente, sua obra mais violenta:
O Coronel Geraldo Macedo continua escavando entre fedorentos cadáveres, nariz e boca cobertos pelo lenço, a outra mão afastando revoadas de moscas, livrando-se, às vezes, com chutes, dos ratos que sobem suas pernas, porque, contra toda a lógica, alguma coisa lhe diz quando encontrar a cara, o corpo ou os simples ossos de João Abade saberá que são dele.
Trecho de “A Guerra de Fim do Mundo”, de Mario Vargas Llosa
A visão do escritor sobre o acontecimento é mordaz. Para ele, e aqui o comentarista político escorrega nas nuances do fato histórico que o romancista tão bem soube explorar, os partidários da República e os seguidores de Antônio Conselheiro padecem de uma mesma cegueira.
“A tragédia da América Latina é que, em vários momentos da história, nossos países se encontram divididos e em meio a guerras civis, repressões massivas, massacres como o de Canudos, por causa dessa mesma cegueira recíproca.”
noticia por : UOL