Contextualizando: Uma foto do presidente Lula vestindo uma camiseta em que se lê a palavra “anistia” tem sido resgatada e compartilhada nas redes sociais por políticos da direita brasileira e por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. A imagem é usada fora de contexto em meio à mobilização pela anistia dos condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. Um vídeo viral utiliza a fotografia de fundo enquanto uma voz faz uma série de afirmações, entre elas a de que Lula e Dilma Rousseff recebem, mensalmente, mais de R$10 mil como anistiados.
A fotografia foi tirada por Iugo Koyama, em abril de 1979, e mostra Lula como sindicalista distribuindo panfletos, no ABC Paulista, em prol do perdão aos presos políticos e exilados da ditadura militar. Em agosto daquele ano, o último ditador do Brasil, João Baptista Figueiredo, assinou a Lei da Anistia (Lei nº 6683/1979). A lei concedeu perdão aos perseguidos pelo regime militar, mas, por outro lado, beneficiou também os militares que cometeram torturas, assassinatos e outras violações de direitos humanos.
Lula recebe aposentadoria como anistiado político desde 1993 por ter perdido os direitos sindicais e ter sido destituído do cargo de presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo durante a ditadura. Ele foi preso em 1980, quando liderou uma greve de metalúrgicos no ABC Paulista. Conforme apuração da Agência Lupa, em 2024, o valor mensal da aposentadoria era de R$ 12,5 mil.
O Comprova questionou a Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República sobre o valor atual da aposentadoria, mas não recebeu resposta até a publicação deste texto.
Já a ex-presidente Dilma Rousseff teve a sua condição de anistiada reconhecida pela Justiça em 2023. Diante disso, foi concedida a ela uma indenização de R$ 400 mil por danos morais em razão dos abusos sofridos durante a ditadura militar. Ela chegou a pedir uma pensão mensal por ter sido demitida da Fundação de Economia e Estatística (FEE) por questões políticas, mas o pedido foi negado.
A reportagem entrou em contato com o autor da publicação no TikTok para comentar o assunto, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.
noticia por : UOL