Mas dos 180 países atingidos, incluindo antigos e novos aliados dos EUA, a ausência da Rússia causou constrangimento. Segundo a Casa Branca, a Rússia “não está nessa lista porque as sanções decorrentes da guerra da Ucrânia já zeraram o comércio entre os dois países”.
O argumento não se sustenta. O Irã e a Síria, que também enfrentam embargos americanos e são considerados como inimigos, foram atingidos com tarifas de 10% e 40%, respectivamente. A Ucrânia enfrentará uma tarifa de 10%, apesar de ser o país agredido pela Rússia.
Outra justificativa da Casa Branca é de que as sanções interromperam em grande parte o comércio. Mais uma vez, o argumento foi desbancado. De fato, os EUA não importam petróleo bruto russo desde abril de 2022. Mas, em 2024, o mercado americano absorveu US$ 3,5 bilhões em produtos russos, em especial fertilizantes. O valor é superior ao que os EUA compram de mais de uma dezena de países pelo mundo.
O UOL apurou que diplomatas consideram que dois elementos podem ter pesado na decisão. Um deles seria manter um espaço suficiente no campo tarifário para que, se a negociação de paz com a Rússia não funcionar, a Casa Branca teria condições de retaliar e ameaçar com novas tarifas.
Outro aspecto é doméstico. Os agricultores americanos estão furiosos com a guerra comercial e o eventual impacto que podem sofrer em mercados estratégicos. Taxar hoje a Rússia seria encarecer os fertilizantes para esses mesmos produtos agrícolas.
Democratas e até republicanos desconfiam de Trump
A ausência da Rússia na lista ampliou a desconfiança dos democratas em relação às intenções de Trump com Putin. Desde o início da guerra, os EUA impuseram a mais ampla gama de sanções contra a Rússia, incluindo energia, finanças, defesa e tecnologia. Os principais bancos russos foram cortados do sistema financeiro global, os ativos dos oligarcas russos foram congelados e os controles de exportação restringiram o acesso a tecnologias essenciais.
noticia por : UOL