Dólar abre em alta nesta terça-feira após aceleração do IPCA-15

O dólar abriu em alta nesta terça-feira (25) com os investidores avaliando as novas declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a imposição de tarifas a produtos importados.

Na noite de segunda-feira, Trump afirmou que a negociação com Canadá e México segue “o (calendário) programado” com a data de 4 de março sendo mantida para ser alcançada uma solução sobre o combate à migração irregular e ao tráfico de fentanil. Caso contrário, os EUA prometem impor uma taxa de 25% sobre os produtos vindos dos dois países.

Ao mesmo tempo, os analistas também avaliam os dados do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15), que indicou aceleração de 1,23% em fevereiro.

Às 9h04, a moeda norte-americana subia 0,36%, cotada a R$ 5,7756. Na segunda-feira (24), o dólar fechou em alta de 0,44%, cotado a R$ 5,7545. Já o Ibovespa recuou 1,35%, a 125.401 pontos. Os juros futuros também refletiram a expectativa negativa sobre a inflação, encerrando o pregão em alta.

O movimento acelerou após o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmar que o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de janeiro irá apontar a criação de 100 mil vagas de empregos formais. O dado é acima do previsto por analistas para a divulgação, nesta quarta, de 48 mil vagas.

Um mercado de trabalho mais forte deve pressionar ainda mais a inflação, atualmente em 4,56% nos últimos dois meses. Com preços mais resilientes, o Banco Central pode ter que subir mais, e por mais tempo, a taxa básica de juros, atualmente a 13,25%, o que prejudica ativos de renda variável.

Ao fim do pregão, o contrato de juro futuro para junho deste ano subia de 13,96% na última sexta (21), para 14,02%. O contrato para julho de 2030 subia de 14,31% para 14,44%.

Mais cedo, analistas consultados pelo Banco Central passaram a ver uma inflação mais alta ao fim deste ano e do próximo, de acordo com a pesquisa Focus. O levantamento mostrou que a expectativa para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) é de alta de 5,65% ao fim deste ano, de 5,60% na pesquisa anterior, no que foi a 19ª semana consecutiva de aumento na previsão. Para 2026, a projeção para a inflação brasileira é de 4,40%, de 4,35% anteriormente.

O centro da meta perseguida pelo BC é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

“A nova revisão da expectativa de inflação no Focus sinaliza uma tendência que pode exigir mais esforços do Banco Central para convergir as expectativas [de inflação] este ano”, diz Bruno Shahini, analista da Nomad.

Também pode pressionar a inflação a liberação do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) de quem foi demitido e não conseguiu acessar os recursos na rescisão por ter optado pelo saque-aniversário, noticiada pela Folha. A medida colocaria mais renda à disposição da população, o que aumentaria o consumo, podendo aumentar os preços.

Esta semana também é marcada pela divulgação de dados econômicos no Brasil e nos EUA e a perspectiva de novas notícias sobre as tarifas de Trump e as discussões pelo fim da guerra na Ucrânia, que completa três anos nesta segunda.

“Ainda é uma semana de cautela e sem novidade para estimular uma alta da Bolsa. Há uma série de balanços que vão sair, mas é micro, a gente precisa de evento macro. E evento macro não tem nenhum indicando que as coisas estão melhorando”, diz Fernando Bresciani, analista de investimentos do AndBank.

Nos EUA, agentes financeiros se posicionam para o relatório do índice PCE de janeiro, o indicador preferido de inflação do Federal Reserve, a ser divulgado na sexta.

Dados mais fortes do que o esperado para a inflação ao consumidor dos EUA em janeiro fizeram operadores reduzirem suas apostas de cortes na taxa de juros pelo Fed, o que se reverteu nas sessões recentes após uma série de números fracos para a maior economia do mundo.

Por enquanto, o mercado precifica um corte de juros pelo Fed até julho e uma chance elevada de outra redução ainda neste ano.

“No entanto, diversos dirigentes do Fed já mostraram preocupação com o balanço de riscos à frente decorrentes das políticas que podem ser implementadas pela administração Trump”, diz Shahini, da Nomad.

Juros mais altos por mais tempo nos EUA podem fortalecer a divisa americana em relação às moedas globais, o que pressionaria o real.

Em Wall Street, o dia foi de queda das ações de tecnologia, com queda de 1,2% do índice Nasdaq. O S&P500, por usa vez, recuou 0,5%.

Com Reuters

noticia por : UOL

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